Programação fez parte da reunião do Comitê das Águas do mês de maio.
As lições da experiência holandesa na prevenção de eventos climáticos extremos foram o foco da pauta do último encontro do Comitê das Águas da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), no mês de maio. A brasileira Taneha Kusniekow Bacchin, que é arquiteta e urbanista e professora de desenho urbano na Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda, foi a convidada para palestrar durante o encontro. A tese de doutorado da pesquisadora, na Holanda, em Ciência e Engenharia das Águas, foi justamente sobre Porto Alegre – um projeto multiescala (espaço tempo) para adaptação ao risco de inundações e inundações na cidade.
“Infelizmente estes eventos climáticos extremos serão cada vez mais constantes e intensos e, em Santa Catarina, temos um histórico de cheias. Por isso criamos o Comitê das Águas na Facisc, para ajudar a criar uma cultura de prevenção”, explicou o presidente da Federação, Elson Otto, na abertura da reunião, dando as boas vindas e agradecendo a disponibilidade da palestrante, que estava em videochamada com o grupo coordenado pela vice-presidente Rita Conti.
“É urgente adotarmos uma mudança de paradigma, com medidas que já são adotadas em outros países”, destacou Taneha já no começo da palestra, evidenciando a ações já consolidadas na Holanda, que se situa em altitude abaixo do mar e que é naturalmente suscetível à ação das águas.
A professora falou sobre como os processos naturais (diferentes condições de clima) interferem nos espaços construídos. E da necessidade da ocupação urbana respeitar o desenho natural dos rios e da costa marítima para prevenir tragédias de origem climática.
“É preciso entender que o que separa a água da terra nunca é um limite seco, uma linha fina, e sim uma zona de transição. Essa zona de transição deve ser considerada, pois é uma zona de amortecimento para o caso de cheias e de avanços do mar”, ressaltou a especialista no tema.
Mudança de paradigma – Lá, as enchentes de 1993 e de 1993 levaram a população e o poder público ao entendimento de que os sistemas de prevenção adotados até então precisavam ser revistos. Atualmente, as obras de engenharia acompanham o desenho da costa e dos rios, e se utilizam de elementos naturais, como a própria areia, terra e vegetação nativa.
Apesar de ser um país pequeno, menos do que o Rio Grande do Sul, com elevada densidade demográfica (Holanda tem 509,3 79,50 habitantes por quilômetro quadrado, enquanto Santa Catarina tem 79,50 habitantes por quilômetro quadrado, para se ter uma ideia), a Holanda é considerada segura do ponto de vista hídrico. Conheça algumas medidas tomadas nas últimas décadas pelo país europeu:
Área de transição
Tanto das margens dos rios quanto na costa maritma foram criadas aas chamadas zonas de transição, com vegetação nativa – o que recebe o excesso de água em caso de cheias ou marés
Espaço do rio
Para que fossem criadas as zonas de transição (que amortecem as cheias) foram promovidas desapropriações de terras e de imóveis. No lugar da ocupação urbana, foram realizadas aberturas de canais laterais e corredores verdes, que acabam sendo também atrativos para o lazer quando o tempo está seco. Junto a isso, houve dragagem dos rios.
População preparada para o pior
Existe um sistema de alarmes para avisar sobre a necessidade de evacuação das cidades, caso seja necessário. Há treinamento para isso todas as primeiras segundas-feiras do mês. Todas as crianças são obrigadas a fazer aulas de natação, inclusive usando roupas e calçados, para nadar em situações extremas. Há uma consciência, um entendimento geral, de que desastres naturais podem acontecer e que fazem parte da vida.
Conceito de cidade esponja
Há os chamados jardins de chuva, que são áreas dentro da cidade que retêm a água da chuva, água pode ser utilizada em algum momento de seca para regar jardins, por exemplo. Casas com telhados verdes são cada vez mais comuns.
SOBRE O COMITÊ DAS ÁGUAS
Entre as propostas do Comitê das Águas da Facisc está a construção de uma cultura de prevenção a eventos climáticos extremos e seus danos às pessoas e às empresas catarinenses, em parceria com entidades públicas, como a Defesa Civil, e privadas.
O grupo é integrado pela diretoria e técnicos da Facisc, representantes das Associações Empresariais, especialistas e técnicos no assunto (de universidades e outras entidades com conhecimento especializado). As discussões do comitê se iniciaram no Vale e Alto Vale e posteriormente se expandiram para outras regiões que enfrentam impactos climáticos, como secas, chuvas, alagamentos, inundações, tempestades, enxurradas e deslizamentos.
CAMPANHA
Neste momento difícil para o Rio Grande do Sul, a Facisc, por meio do Comitê das Águas, está unindo forças com a FEDERASUL em uma campanha de doações. As doações podem ser feitas por PIX: sosrs@federasul.com.br ou por meio de depósito em conta da FEDERASUL aberta exclusivamente para a campanha no Sicredi nº 0116 01229-5.